sexta-feira, 27 de maio de 2011

IMPACTO CINCO

Um Impacto Cinco psicodélico

Era 1975, quando o grupo potiguar Impacto Cinco, conhecido como uma banda de baile, foi parar nos estúdios da gravadora CBS para gravar o LP Lágrimas Azuis. Naquela época o quinto não fazia idéia que estava provocando fortes marcas na história da música brasileira, pois atualmente o álbum é um dos 10 mais cobiçados do rock brasileiro, mencionado em sites especializados e em leilões internacionais.

Esse foi o segundo e último disco da carreira do grupo que ocupou durante uma semana o estúdio da gravadora. O material já havia sido exaustivamente ensaiado e a direção musical coube a Gileno de Azevedo, Leno (o ex-parceiro de Lílian). Das 11 faixas, apenas cinco são de autoria dos rapazes do grupo (Fuga, Viver Triste, Lágrimas Azuis, Um bom lugar e Muito tempo de som). Leno assinou três canções Tudo vai mudar (amanhã), Carmem, Carmem e Sentado no Arco-Íris que ele compôs em parceria com Raul Seixas.

A música de abertura foi entregue ao piauiense Piska, compositor de Mãos de seda, coração de ferro. Eles ainda gravaram o cover de Sábado (do guitarrista Frederyko) que também fez parte do álbum de estréia do grupo, lançado em 1970. Lembranças (Raulzinho e C.H.Gonçalves) completa o repertório do LP.

O grupo era formado por Clauton (bateria, percussão e vocais), Poty Lucena (baixo e vocais), Etelvino (piano elétrico, órgão, sintetizador e vocais), Joca Costa (guitarras) e Lulinha (vocal). Quando o Impacto Cinco chegou ao Rio estava afinado para gravar o repertório, os anos de estrada como banda de baile, tocando durante cinco horas seguidas, davam a eles segurança para realizar o trabalho em um curto período de uma semana. Para o guitarrista Joca Costa, ainda ligado ao meio musical nos dias de hoje, a CBS, que tinha em seu cast nomes internacionais, como Aerosmith, além do próprio Roberto Carlos, estava concedendo uma chance à banda potiguar. A afirmação foi feita durante uma entrevista ao jornalista Rodrigo Hammer, publicada na edição no número 3 da Revista Brouhaha. ‘‘Éramos algo muito à frente para a época’’, declarou o tecladista Etelvino, na mesma matéria. Na capa do álbum, quatro dos cinco componentes do Impacto Cinco aparecem fumando, seguindo o estilo revoluncionário da época.

(Texto de Hayssa Pacheco, publicado originalmente no Jornal Diário de Natal)

1973 - Impacto V

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1975 - Lágrimas azuis

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1983 - Rio Potengi

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sábado, 21 de maio de 2011

MANOCA BARRETO

MANOCA BARRETO é graduado em Educação Artística, com Habilitação em Música, pela UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1994) e Mestre em Música pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas (2002). Estudou inicialmente violão, optando logo em seguida pela guitarra elétrica...

Morou no Rio de Janeiro de 1987 a 1999, onde estudou “Guitarra” e “Harmonia Funcional e Improvisação”, na Rio Música com o Prof Sérgio Mello Benevenuto e “Teoria e Percepção Musical” na Uni-Rio, além de atuar como instrumentista em shows e gravações. Em 1990 participa, como aluno, do Festival Internacional de Verão de Brasília, estudando Arranjo com o Prof. Ian Guest e Guitarra com o Prof. Nelson Faria...

Em 1989, de volta à Natal, passa a desenvolver seu trabalho como guitarrista em grupos como “Trio Al-Mustafa”, “Banda Be Pop”, Quartetoque” e o “Manoca Barreto Trio”, participando dos projetos mais importantes da cidade como o “Seis e Meia”, “Nação Potiguar” e “Papary Jazzy Festival”. atuando ao lado de artistas e instrumentistas locais e nacionais. ..

Foi professor de Guitarra e Harmonia da Fundação Hélio Galvão e do Instituto de Música Waldemar de Almeida (Fundação José Augusto) Idealizou, fundou e dirigiu a Toque - Escola Livre de Música (1992-1994), da qual também foi professor de Guitarra Elétrica, Harmonia Funcional, Teoria e Laboratório de Música, desenvolvendo uma nova proposta pedagógica na área da música popular, tendo como resultado deste trabalho o surgimento de uma nova safra de músicos instrumentistas atuantes na cidade de Natal/RN

Desde 1998 é professor de Guitarra Elétrica, Prática de Conjunto e Harmonia Funcional e Improvisação da Escola de Música da UFRN...

Participa constantemente como professor, ministrando cursos e oficinas em diversos eventos como: Festival “Música na Ibiapaba” (CE), Projeto Caravanas Culturais da Agência Cultural do Sebrae (RN) e Projeto Residência Artística (Guaramiranga / CE)

Em maio de 2006, foi agraciado com o Prêmio Cultural Diário de Natal, na categoria Música, recebendo o troféu “O Poti”, como reconhecimento do trabalho realizado durante anos no campo do ensino e da performance

No ano de 2005 lançou o CD autoral “Bom Sinal”, realizando nos anos seguintes várias apresentações divulgando este trabalho. Atualmente participa como instrumentista, compositor e arranjador, ao lado de Júnior Primata (Baixo) e Costinha (Sax), do grupo de música instrumental Caninga Trio, que lançou o CD “Tempo Bom” em 2009 e vem se apresentando em vários projetos musicais no Rio Grande do Norte e outros Estados. Em fevereiro 2010 o Trio realizou o show de abertura do Festival de Jazz de Graramiranga no Ceará.

FONTE: http://www.myspace.com/manocabarreto

2005 - Bom Sinal

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

SUELDO SOARES


No limiar da década de oitenta, a noite natalense adquiria o seu realce-mor na figura do músico Sueldo , que se iniciava nos bares então frenéticos no feliz terreiro de Poty. Presença altiva, rutilante, magnética; um brilho tal, que foi se tornando cada vez mais intenso, deixando patente o caráter daquilo que é definitivo. E a cidade, claro, reconhece nesse artista uma das suas expressões mais atuantes e reverenciadas dos últimos tempos.

Uma vez com o pé na estrada, Sueldo não parou mais. Sua experiência hoje se demonstra através de itens incontáveis. Idem no tocante à reciclagem de sua formação. Primeiro os bares, depois os festivais, aqui e alhures, onde ganhou diversos prêmios, consagrando-se como compositor e intérprete. Em 1984, subiu ao palco do teatro Alberto Maranhão, no espetáculo “Tinta Viva”. Protagonizou vários outros nos anos seguintes, a saber:

“Reino”, em 1985, “Novo Mundo”, em 1986 e “Tulipa Negra”, em 1987, todos neste teatro. Este último show ficou em cartaz por cerca de dois anos, tendo sido levado a diversas capitais brasileiras, como Aracaju (teatro Atheneu Sergipano), João Pessoa (teatro Santa Rosa), Teresina (teatro 4 de Setembro) e São Luís (teatro Espaço Cultural). Sueldo Soaress já participara, em 1986, da “janela” do Projeto Pixinguinha, show que trazia Joyce, Clara Sandroni e Lazo Matumba, como atrações de fora. No ano seguinte, estava participando do “Pixingão”, com a Orquestra de Música Popular Brasileira, na sala Sidney Miller (Rio de Janeiro). Daí por diante, teve participação especial em shows de alguns mega-stars da MPB, como Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Jorge Ben Jor, Angela Rôrô, Geraldo Azevedo, Toninho Horta , Kleiton e Kleidir e Xangai, além de fazer parte do Pixinguinha Nacional, junto com o grupo João Penca e seus Miquinhos Amestrados, pelo Norte e Nordeste.

Em 1993, decidiu expandir mais sua música, explorar outros caminhos. Buscando o reconhecimento do seu trabalho, resolveu dar um giro pela França, Espanha, Alemanha e Marrocos. Levou na bagagem o violão e um repertório com suas belíssimas canções. Recebeu então um convite para tocar nos Estados Unidos, onde participou da celebração do “Dia da Independência” na Union Square e no Coconut Grove Super Club, ambos em São Francisco, Califórnia. Encantou as cidades de Santa Cruz, Los Angeles e San Jose, em diferentes shows e estilo único. Em novembro de 1996, foi especialmente convidado para participar da tour do Jorge Ben Jor, também em São Francisco, e em fevereiro de 1997 tocou no Carnaval Ball, no Galleria, a convite do Bay Brasilian Club. Foi um dos grandes destaques no segundo MADA ( música alimento da alma ) que realizou-se em Natal no Rio Grande do Norte.

Sueldo não se destaca dos demais músicos por fazer músicas de influência negra acentuada, mas sim por lançar como proposta estética a exuberância e o brio de uma musicalidade repleta de impressões de tempo e de espaço, que lhe são peculiares. É raro encontrar alguém capaz de casar tão bem, quanto Sueldo , o swing com a suavidade. Preenche de carisma e sensualidade, esse dânde-mambembe esbanja seus dons, senhor absoluto da sua boa estirpe, a quem outro destino não compete senão o sucesso.

A esse imodesto talento musical, soma-se ainda a proeza de um poeta zeloso e inspirado, cuja performance artística atinge genial equilíbrio entre voz, ritmo, texto e melodia. Poesia que confirma o calibre desse esteta inveterado, que faz apologia à beleza, especialmente da raça, ao mesmo tempo que reclama por mais consciência social, pois, como ele diz sabiamente: “Não é sempre o molejo gostoso de toda mulata, que enche a barriga da tribo”.

Antônio Ronaldo,

jornalista, escritor e poeta.

1995 -Tulipa Negra

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